segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

PERDAS AMOROSAS

Quem está pronto para elas? Quando amamos alguém passamos a nos identificar de tal forma com a pessoa amada que nossos referenciais de individualidade se fundem e se confundem dentro de nós. Perdemos nossa identidade. Geralmente, passamos a acreditar mais em nossos sonhos e esperanças em relação ao amor do que em nós mesmos. Perdemos nossa auto estima. Realidade e utopia nesse momento se tornam um coquetel do qual nos servimos a vontade e nos torna servos daquilo que não vimos e muito menos queremos ver: o limite do bom senso e principalmente o nosso limite para suportar o insuportável. Perdemos nossa dignidade. Assim foi comigo. Após a tragédia, febril por um mês e meio. Quatro meses sem trabalhar. Instabilidade emocional no mais alto grau. Riso e choro se alternavam como se fossem sequência lógica um do outro. O inferno, ao lado de quem eu tanto amava. Dezesseis anos se passaram e sou procurado por um amigo na mesma situação. Ele me pede um abraço e chora seu inconformismo. Então, a grande surpresa quando fico sabendo o motivo pelo qual fui procurado. Justamente por já haver passado por isso. Me emociono, e aquele filmezinho de terror passa rápido na minha cabeça. Não consigo me imaginar como exemplo de superação, mas mesmo assim lhe dou 3 conselhos: -1) Não tomes nenhuma decisão precipitada; -2) Não procures achar razões para o acontecido; -3) Tente lembrar do que restou e ainda está a teu lado contando contigo: a tua vida e os teus filhos. Fico feliz por poder ajudar o meu amigo. Feliz e sem saber o que pensar de mim mesmo. Dezesseis anos se passaram e as lembranças dessas perdas ainda se fazem presentes em mim. Quanto tempo ainda vou levar para reconstruir o "Haiti" do meu coração. Esse paraiso de vida simples que um dia coloquei nas mãos de quem jamais deveria... Luís Poeta

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