sexta-feira, 24 de setembro de 2010

"QUE COISA..."

"A vida é uma coisa tão comum - todo mundo tem uma - que a gente não presta muita atenção nela. É um pouco como luz elétrica e coleta de lixo: só se dá o valor devido quando falta. Mas também não se pode andar por aí em permanente espanto com a vida, tão absorvido pelo seu mistério e suas surpresas que não se tem tempo para mais nada nada , inclusive viver. A correta posição diante da vida, portanto, deve ser um meio-termo. Vivê-la com naturalidade, pois não há nada mais corriqueiro, mas uma vez por semana (ou por semestre, dependendo do seu tempo para filosofar) pensar nela com seriedade e dizer: "Que coisa...". Ou algo mais profundo, claro." Luís Fernando Veríssimo

sábado, 4 de setembro de 2010

SAUDADE

Como é difícil entender a vida como uma trajetória.
E mais ainda, uma trajetória de coisas boas e ruins.
Talvez fosse mais fácil viver na eterna redundância, repetindo padrões de comportamento, emoção e sentimento.
Porque... Convenhamos, quem não quer o bom e o bem?
E quem não quer o bom e o bem várias e várias e várias vezes.
Mas somos, eu diria que até por natureza, viajantes do tempo.
Somos feitos de encontros e despedidas, diárias.
E não adianta voltar naquele lugar maravilhoso, com as mesmas pessoas, com as mesmas propostas, que não será mais a mesma coisa.
Pode ser até melhor, porém, nunca igual.
Mas nossas lembranças, assim como as fotografias, são estanques.
Pontuam momentos em que nossas vivências se fundiram com a idéia de felicidade.
E onde tudo isso fica guardado?
Na memória do passado, é claro.
E que saudade que às vezes nos dá, o que um dia vivemos...
E que saudade nos dá o que isso representou para nós.
Saudade, palavrinha difícil de ser definida e que sequer existe em alguns idiomas.
Saudade, esse desejo inconsciente de poder ressuscitar o passado.
Quem sente saudade é porque de alguma forma viveu bons e importantes momentos, qualidades fundamentais para que algo se torne inesquecível.
Já ouvi dizer que viver do passado é como dirigir um carro olhando pelo espelho retrovisor.
Faz sentido.
Mas também já vi muito acidente de percurso acontecer em função daquilo que nos atropela, quem diria, justamente pelas costas vindo do passado.
Então, olho no espelho retrovisor, nem que seja só de saudade.
Luís Poeta