domingo, 27 de maio de 2012

A MARCHA DAS VADIAS

                                                                               Lindos peitos, você não acha?
Não acha ou não tem coragem de achar?
Mas deixe que eu mesmo respondo, são maravilhosos.
Tanto quanto a pessoa que lhes sustenta: Aneise.
Fui falar com ela e ouvi o que de mais lindo poderia ter ouvido:
-Eu vim com a minha mãe mas me perdi dela...
Puxa, mas o que mãe e filha estariam fazendo em plena Marcha das Vadias no Brique da Redenção?
Estavam ajudando a construir o nosso futuro.
Um outro futuro, diga-se de passagem, livre de preconceitos e de violência.
E por incrível que pareça, é assim que tudo começa.
Um cartaz na mão, coragem para se expor e muita vontade de mudar o mundo pra melhor.
E precisa ser dessa maneira, peitos de fora?
Necessariamente não, mas que assim chama muito mais atenção, disso não há dúvidas.
Particularmente, eu adorei, e também me emocionei.
Mesmo sabendo que tudo o que presenciava era apenas mais um episódio de uma caminhada que já dura séculos e que com certeza, está longe de acabar.
Quando será que os homens vão conseguir respeitar e dignificar o que mais amam?
AS MULHERES.
Respeitar suas escolhas, suas opções de vida, seus sentimentos, sem violentá-las?
Como homem, tenho até vergonha de ainda ter que constatar isso.
Parabéns a todas as mulheres que participaram da Marcha das Vadias.
Para Aneise, quero dedicar a estrofe da música "João e Maria" do Chico Buarque que diz:
"Agora eu era o rei
Era o bedel e era também juiz
E pela minha lei
A gente era obrigado a ser feliz
E você era a princesa que eu fiz coroar
E era tão linda de se admirar
Que andava nua pelo meu país"...

Luís Poeta

Para quem não sabe, a manifestação ocorrida hoje em Porto Alegre e outras capitais, tem origem no “Slut Walk”, um protesto mundial que começou após um policial no Canadá, dizer que para evitar
estupros as mulheres deveriam deixar de se "vestir como vadias".
A foto de Aneise tem a sua autorização para uso nesse post e quem quiser curtir os versos de Chico Buarque por inteiro, pode acessar:
http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=DYpa9O8COkw

sábado, 5 de maio de 2012

UM LUGAR AO SOL


Quem não quer?
Um lugar ao sol...
Mas essa tão disputada posição, estaria condicionada a quê?
Esforço, merecimento, dedicação, fé?
Na verdade não sabemos exatamente, o que define isso.
Um lugar ao sol, me parece a princípio, que depende de haver sol.
O que já é uma condição sobre-humana, totalmente fora do nosso alcance.
Então, digamos que uma boa parte dessa possibilidade não nos pertence.
E mesmo que apelemos ao sobrenatural, teríamos que ser atendidos pelo simples fato de querermos ou merecermos alguma coisa?
Não consigo acreditar.
Me parece que Deus estaria ocupado demais para se preocupar se estou satisfeito com o meu carro, a minha casa, o meu emprego ou a minha própria vida.
A relação com o divino, se não fugir à regra, deve ser uma relação de troca.
Se quero paz, devo dar paz, deixar em paz, mesmo que seja Deus.
Não podemos sobrecarregar as fontes naturais de vida.
Principalmente porque nos foi dado junto com ela (a vida) uma boa parte do ferramental necessário para que consigamos, além de sobreviver, alcançar nossos propostos objetivos.
Os possíveis é claro.
E aí está um ponto interessante, é muito comum buscarmos coisas que não existem.
Ou que até existem, mas somente na nossa cabeça.
Que chance teremos a partir dessa hipótese?
Quase nenhuma.
Considerando-se o fato de que não estamos sós e que a maioria das coisas está interligada à vontade e ao poder de ação das outras pessoas, teremos que reconsiderar a maior parte dos nossos desejos.
E mais, respeitar o ciclo natural de tudo o que plantamos: nascer, crescer, florescer.
Só então começa a haver a possibilidade de um lugar ao sol nessa nossa dita sociedade democrática.
Conseguimos chegar até a praia, conseguimos nossa cômoda cadeira e nosso guarda sol, às vezes até uns confortos extras, e agora?
Agora, por mais incrível que pareça, precisamos nos abrigar um pouco do próprio sol que buscamos tão avidamente.
O que de melhor as benesses podem nos trazer é paz e equilíbrio interior.
Sempre na justa medida da capacidade de absorção de cada um, imprescindível para que possamos desfrutar dessa nossa "divina condição humana"...
Luís Poeta